A quinta-feira (30) foi de turbulência na economia e nas redes sociais para os Estados Unidos. No mesmo dia em que o país registrou uma queda recorde (32,9% no segundo trimestre de 2020) de seu Produto Interno Bruto (PIB), Donald Trump resolveu usar o Twitter para comentar outro assunto: a eleição deste ano, que vai definir quem comandará a nação a partir de 2021. Se depender do atual presidente, a disputa marcada para 3 de novembro será adiada.
Não foi só a data que Trump contestou. A votação por correio também entrou na lista de insatisfações do presidente. Cinco estados utilizam este método como único no pleito. Todos eles garantem haver as salvaguardas necessárias para impedir algum tipo de violação nos resultados, mas o chefe de Estado aponta falta de segurança nesta opção à disposição dos eleitores.
Trump vai buscar a reeleição e vê seu adversário abrindo vantagem no trajeto até o dia decisivo. Nas pesquisas nacionais de intenção de voto, Joe Biden apresenta dois dígitos à frente do rival. Para piorar, o democrata lidera a projeção em seis estados decisivos para vencer no Colégio Eleitoral.
A realidade ainda impõe ao atual presidente o catastrófico cenário da Covid-19. Nesta semana, os EUA alcançaram a negativa marca de 150 mil mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus.
“A economia não vai melhorar e a pandemia não vai desaparecer. Sobrou para Trump fazer o que ele faz sempre: provocar e criar distrações sobre notícias que são muito ruins para ele”, considera o cientista político Michael Traugott, especialista em eleições da Universidade de Michigan. Ele também repudia outro discurso de Trump.
“Todos os estudos mostram que praticamente não temos fraudes em eleições americanas. É um índice realmente próximo de zero. Então, dizer que o sistema é inseguro ou arriscado não corresponde com a realidade”, afirmou o especialista, em entrevista à BBC News Brasil.
Embora o presidente tenha sugerido a escolha de outro dia para o pleito, essa decisão não cabe ao chefe de Estado. A data está expressa na Constituição dos Estados Unidos. Portanto, é preciso uma autorização do Congresso. Sobre os votos por correspondência, a expectativa é de que aumente o número de eleitores que irão recorrer a esta alternativa, em razão da pandemia.