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Morre, aos 63 anos, o escritor Jorge Portugal, ex-secretário de Cultura da Bahia

Reprodução / Redes Sociais

Via Vermelho – O professor e escritor Jorge Portugal, ex-secretário da Cultura da Bahia, morreu na noite da última segunda-feira (3), vítima de falência cardíaca aguda. Ele estava internado em estado grave na unidade de terapia intensiva (UTI) cardiovascular no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador (BA). 

Jorge Portugal passou mal no início da tarde de segunda-feira e foi levado ao hospital pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Durante o trajeto, ele sofreu quatro paradas cardíacas. Segundo a assessoria da unidade, o ex-secretário foi admitido “em estado crítico” e estava em coma induzido até o início da noite. 

“Imensamente entristecidos, lamentamos a morte do ex-secretário de Cultura do Estado Jorge Portugal”, afirmou, em nota, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), que decretou luto no estado.

“Jorge era um homem de múltiplos talentos, exercidos com a energia e a simpatia que inspirava todos a sua volta. Era, antes de tudo, um homem apaixonado pela Bahia e pelo seu povo que estiveram sempre no centro do seu trabalho”, ressaltou o governador.  

O PCdoB-BA também lamentou a morte do ex-secretário. “Nós, que já tínhamos em comum com ele ideias de transformação social, estivemos juntos na construção de um projeto de inclusão e valorização das diversas formas de manifestação cultural da Bahia”, apontou o partido.

“Pela parceria e também por tudo o que Jorge Portugal representa, expressamos nossas condolências pela irreparável perda, ao tempo em que homenageamos essa figura ímpar, que ficará para sempre na memória de baianos e baianas”, concluiu. 

O ex-deputado e ex-presidente da ANP, Haroldo Lima (PCdoB) também falou sobre o conterrâneo. “O poeta e professor tinha muito da Bahia: alegria, criatividade, negritude, sentimento. Falava sorrindo, ensinava troçando, prosava versificando”, afirmou o dirigente nacional do PCdoB. Para Lima, Portugal exalava cultura. Em um de seus últimos vídeos, o escritor baiano, diante da pandemia da Covid-19, falava sobre a cultura do abraço. “Parecia estar se despedindo de todos com um abraço”, enfatizou o comunista baiano. 

Educador, Jorge Portugal ficou conhecido por obras voltadas para estudos universitários, como o livro “Redação é Assim”, adotado por cursos pré-vestibulares de Salvador. Na TV, foi o idealizador e apresentador, por nove anos, do programa “Aprovado”, exibido na TV Bahia e voltado a estudantes universitários. 

Portugal era ainda compositor, poeta e apresentador. Natural de Santo Amaro, no Recôncavo, foi um compositor e letrista aclamado, com parcerias de sucesso com Roberto Mendes, como em “Só se Vê na Bahia”, e com Raimundo Sodré, em “A Massa”. Suas composições ficaram marcadas nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho e Margareth Menezes. Deixou a Secretaria da Cultura da Bahia em 2017, por “questões pessoais e profissionais”. 

“Era um dos maiores letristas da música popular brasileira de todos os tempos. Uma pessoa apaixonada pela Bahia, por Santo Amaro.”, definiu o cantor e compositor J. Velloso, amigo do músico. “Me tornei compositor muito mais pela convivência com Roberto [Mendes] e Portugal do que por ter nascido em uma família de artista”, declarou. 

O diretor teatral Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), lamentou a morte do amigo: “Um cidadão brasileiro, baiano e santamarense de responsa. Esse sempre foi Jorge Portugal. Impossível falar dele sem um sorriso nos lábios, uma leveza na alma e muita poesia no coração”.