Foram descobertas, pela Polícia Civil e o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ), mensagens de texto que intensificam a suspeita de que a deputada Flordelis (PSD-RJ) planejou matar o próprio marido, o pastor Anderson do Carmo. As conversas recuperadas constavam em telefones celulares.

“André, pelo amor de Deus, vamos por um fim nisso. Me ajuda. Cara, to te pedindo, te implorando. Até quando vamos ter que suportar esse traste no nosso meio? Falta pouco. Me ajuda cara. Por amor a mim”, diz um dos recados encontrados.

A Polícia afirma que foram diversas tentativas de matar o pastor. Há a comprovação de uma delas numa mensagem de fevereiro de 2019, quatro meses antes da morte de Anderson.

“Dez mil depois do serviço feito, mas as outras pessoas do carro não podem ser atingidas. Simula um assalto, ele foi para o Rio hoje e aproveita e já espera ele na volta. Se voltar no dele, melhor ainda. Vou mandar ele enviar a foto, nós vamos saber qual o carro e qual a placa”, escreveu a deputada, de acordo com outro registro.

No entendimento dos investigadores, em pelo menos seis oportunidades houve manipulação dos alimentos e das bebidas do pastor. Para isto, teria sido utilizado veneno. Os filhos Carlos Ubiraci Silva, André Luiz de Oliveira, Simone dos Santos Rodrigues e Marzy Teixeira da Silva, além de Flordelis, estão entre os denunciados que teriam tentado o envenenamento.

Um dos filhos, Flávio dos Santos Rodrigues, recebia menos de RS 2 mil como motorista de aplicativo. As investigações apontam que, portanto, a deputada prestou auxílio material e moral no crime, dando dinheiro para a compra da arma.

A defesa fala em ‘equívoco’

Seis pessoas acabaram sendo presas em uma operação chamada “Lucas 12” na manhã desta segunda-feira (24). Também foram emitidos, pela Justiça, os mandados de prisão de outras três que já estavam na cadeia. Anderson Rollemberg, advogado de defesa, afirmou ter ficado surpreso com as prisões.

“A defesa foi surpreendida com essas prisões preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento da deputada, já que na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer prova que a apontasse como mandante”, declarou Rollemberg, que não considera a possibilidade de Flordelis ter ingerência sobre o dinheiro da família.

“Ela é cantora gospel, líder religiosa e parlamentar federal. A questão dela sempre foi dar o melhor para os necessitados. Por isso tinha mais de 50 filhos. Na opinião da defesa, está havendo um grande equívoco no desfecho desta investigação”, pontuou.