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Preso, Pr. Everaldo batizou Bolsonaro, que buscava votos dos evangélicos, e lançou Witzel

Reprodução/YouTube

Uma investigação sobre desvio de recursos públicos na saúde do Rio de Janeiro desencadeou no afastamento, por seis meses, do governador Wilson Witzel. Também nesta sexta-feira (28), a mesma Operação “Tris in Idem” prendeu o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, que foi candidato à Presidência da República, em 2014, sem nunca ter ocupado um cargo político.

Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, Everaldo foi quem batizou Jair Bolsonaro (hoje sem partido). O ato aconteceu em Israel, mais precisamente nas águas do Rio Jordão, em maio de 2016. Na época, o atual presidente era deputado federal pelo Partido Progressista (PP).

Curiosamente, no dia 12 daquele mês, quase simultaneamente ao batismo, o Senado decidia pela abertura do processo contra a então presidenta Dilma Roussef. A petista foi afastada do cargo. Ricardo Lewandowisk, que era presidente do STF, assumiu naquele momento a condução do processo. Mais tarde, em 31 de agosto, Dilma teve o mandato cassado pelos senadores, por 61 votos a 20 no julgamento.

Católico, Bolsonaro – que depois migrou para o PSL (Partido Social Liberal) – começou a ter, então, uma aproximação com os evangélicos. O caminho até o Palácio do Planalto foi encurtando para Jair a partir daquele mergulho. Sua presença passou a ser frequente em cultos. Programas de rádio e TV ligados às igrejas também colaboraram na formação da imagem “duplamente” religiosa daquele que, pouco mais de dois anos depois, venceria a eleição presidencial no País. Na corrida pela vitória, o candidato Fernando Haddad (PT) e sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB) – seus rivais no segundo turno – foram alvo de uma série de fake news, sendo a maioria delas relacionadas a temas que contrariavam pensamentos cristãos.

Mas, não foi só Jair Bolsonaro quem se elegeu em 2018 com o respaldo gospel. O próprio Pastor Everaldo inseriu Wilson Witzel no contexto da política. O juiz federal, à época desconhecido neste meio, sequer aparecia entre os finalistas nas projeções de pesquisas pré-eleição para governador do Rio. Só que, nas últimas horas, uma campanha que colava o candidato do Partido Social Cristão à figura do então postulante à presidência mudou o jogo.

Witzel não apenas conseguiu emplacar nas urnas e sobreviver na disputa até o segundo turno, como também desbancou o favorito Eduardo Paes (DEM), tirando o ex-prefeito carioca da reta do caminho do Palácio Guanabara. O tempo, entretanto, levou à corrosão o repentino relacionamento entre os eleitos: o governador e o presidente da República.