Ser tiver o mandato de deputada federal cassado, Flordelis (PSD-RJ) irá para a cadeia. Ela é acusada de ser a mandante do assassinato do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo. O prazo de validade de sua liberdade depende de até quando será mantida a proteção concedida por ser uma parlamentar. É pensando nisso que ela buscou ajuda num grupo de WhatsApp composto por colegas da política. O jornal ‘O Estado de S.Paulo’ revelou as mensagens na última sexta-feira (28). O portal ‘UOL’ confirmou a veracidade do documento e, sem sucesso, tentou contato com a pastora e sua assessoria de comunicação.
Afirmando ser inocente no caso, Flordelis garantiu que foi indiciada por mensagens que não escreveu. Ela destacou que sua filha confessou, em juízo, ter pego o celular e se passado pela mãe para “conseguir o que queria”. Nenhuma integrante do grupo havia se manifestado sobre o pedido até pelo menos a tarde de sexta.
“Querem caçar [sic] meu mandato venho aqui pedir a vocês pelo amor de Deus não deixem que façam isso comigo eu juro que vou conseguir provar a minha inocência e que vocês não se arrependerão de me ajudarem”, apelou a deputada durante a madrugada.
No mesmo grupo da bancada feminina da Câmara, a parlamentar disse que políticos estão se aproveitando da sua situação. Também declarou ser alvo de um “sensacionalismo” produzido pela imprensa.
“Eu não fui julgada nem condenada fui indiciada denunciada pela promotoria tenho direito de lutar para provar minha inocência mas se caçarem meu mandato estão me tirando o direito de lutar porque vou para prisão [sic]”, reforçou.
Flordelis afirmou que tem vivido com quase metade do salário. Isso porque fez empréstimo para quitar a casa, que é financiada em nome de terceiros. Declarou ainda que atualmente “depende de cesta básica para viver”. Além do direito a verbas para custear gastos do mandato e a um imóvel funcional, parlamentares recebem o salário de R$ 33,7 mil.
Sem detalhar o assunto, a deputada disse que seu marido “estava fazendo coisas que serão reveladas e provadas nos próximos dias”, mas que ela não tinha conhecimento.
Denúncia contra a deputada e pressão sobre Rodrigo Maia
Nesta semana, Flordelis foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Segundo os investigadores, a pastora é a principal responsável pela morte de Anderson do Carmo, em junho de 2019. Como ela tem imunidade parlamentar, o pedido de prisão que partiu do MP acabou não sendo aceito.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem recebido a pressão de líderes que reivindicam a instalação de uma comissão de ética para analisar o caso. O mandato de Flordelis pode ser anulado por esse colegiado.
Confira a íntegra da mensagem enviada:
“Boa noite a todas
Estou aqui para pedir ajuda
Estou sendo denunciada por coisas que não fiz
Não matei meu marido e não mandei matar
Fui indiciada por mensagens que não escrevi
Minha filha confessou em juízo que pegou meu celular e escreveu e enviou as mensagens se fazendo passar por mim para conseguir o que ela queria
Vou enviar no domingo o depoimento dela
Minha outra filha também me pediu perdão porque fez a mesma coisa
Eu não sabia que meu marido estava fazendo coisas que serão reveladas e provadas nos próximos dias não sabia mesmo (neste trecho, Flordelis termina a frase com emojis chorando)
Querem caçar meu mandato venho aqui pedir a vocês pelo amor de Deus não deixem que façam isso comigo eu juro que vou conseguir provar a minha inocência e que vocês não se arrependerão de me ajudarem
Estão dizendo que mandei matar por poder e dinheiro
Que poder?
Que dinheiro?
Vou enviar meu extrato bancário pra vocês
Estou vivendo com quase a metade do meu salário porque tive que pegar empréstimo minha casa é financiada está no nome de terceiros porque a onze anos atrás não tínhamos como financiar uma casa
Ainda pago esse financiamento
Meu marido morreu e sua conta estava no vermelho
Também fui vencedora e tem políticos se aproveitando da situação para tentarem me destruir
Ganhei a reforma da minha casa porque estava cheia de vazamentos e hoje dependo de cestas básicas para comer com meus filhos porque pago financiamento da minha casa luz água gás remédios
Eu não fui julgada nem condenada fui indiciada denunciada pela promotoria tenho direito de lutar para provar minha inocência mas se caçarem meu mandato estão me tirando o direito de lutar porque vou para prisão
Não gosto de criticar veículos de imprensa, mas o veículo em questão tem narrativa e sensacionalismo e mentiras
Me deixem solta para lutar e isso só será possível com a não caçassão do meu mandato
Eu vou conseguir fazer justiça a verdadeira justiça pela morte do meu marido porque nada justifica terem matado ele
Me ajudem”