A cidade de São Paulo terá, pela primeira vez, um candidato a prefeito pela legenda do PCdoB. Em Convenção Eleitoral no último sábado (5), na sede do Partido, os comunistas homologaram o nome do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) para concorrer à prefeitura paulistana. Os delegados à Convenção aprovaram também o lançamento de uma chapa completa à Câmara Municipal, com 83 candidatos a vereador.
Antes do discurso de Orlando, um breve vídeo, narrado pelo próprio candidato, apresentou sua história e seus compromissos. “Vou governar primeiro para quem mais precisa. Consciente do que isso representa para o nosso povo, eu quero ser o prefeito preto de São Paulo”, afirmou o parlamentar na gravação.
Em eleições municipais anteriores, o PCdoB São Paulo cogitou disputar a prefeitura com candidaturas próprias. “Muitos militantes e muitos ativistas do campo popular sempre cobraram o PCdoB. Ensaiamos duas, três vezes – mas optamos por recolher essa expectativa, esse desejo”, lembrou Orlando, no ato político que o lançou à disputa municipal. “Chegou a hora de construirmos uma alternativa para a cidade”, disse.
No pronunciamento de Orlando, a capital paulista foi retratada como “maior polo científico da América Latina”, “uma das cidades que mais produzem riqueza no mundo”, “uma cidade que motiva, mobiliza e envolve”, “a cidade do trabalho e de oportunidades”, “a cidade da esperança”, “cidade de mil povos”, “cidade tão rica, tão potente, tão capaz – mas também tão desigual”.
Ele declarou que o projeto do PCdoB será, essencialmente, “popular”. Apesar da candidatura inédita, os comunistas têm larga experiência na gestão pública – o próprio Orlando Silva foi ministro do Esporte.
“Temos gente preparada. Junto aos aliados e amigo, junto à inteligência de São Paulo, vamos governar a cidade”, frisou o deputado.
Na opinião do candidato, governar pressupõe buscar parcerias – com os governos federal e estadual, a inciativa privada e os trabalhadores, os movimentos sociais e a sociedade civil. Ao destacar experiências como a da Rede Nossa São Paulo e a da Conferência São Paulo Sua, Orlando Silva afirmou que a revisão de contratos é fundamental para melhorar o gasto público e “direcionar os recursos para o que é mais prioritário”.
Entre os desafios urgentes do município, Orlando listou a geração de empregos e obras de infraestrutura urbana. “São Paulo pode mais, muito mais”, afirmou. Enfrentar a desigualdade também está na ordem dia.
“Talvez o emblema dessa desigualdade esteja na expectativa de vida – um emblema que causa revolta e motivação. Não é possível que na mesma cidade, praticamente na mesma região, uma pessoa do Grajaú tenha uma expectativa de vida de 60 anos e quem vive em Moema tenha uma expectativa de 80”, argumentou.
O prefeito considera que para todas as missões deve exercer a função de “principal líder político da cidade”. É preciso “sentar de igual para igual com governador e presidente”, exigir para São Paulo “o que é de direito em função do que a cidade produz para o País”.
O baiano Orlando Silva, nascido em 1971 na capital Salvador, disse que se apaixonou “à primeira vista” por São Paulo – para a qual se mudou nos anos 90 e onde nasceram seus três filhos. Uma cidade tão poderosa quanto contraditória, que fez o deputado do PCdoB evocar versos de Sampa, de Caetano Veloso: “Quem vem de outro sonho feliz de cidade / Aprende depressa a chamar-te de realidade”.
Nesta São Paulo, a seu ver, a periferia deve ser vista como “lugar de potência”. Orlando afirmou que leva consigo as memórias da vida na periferia de Salvador, em especial no bairro de Lobato, onde, na infância, via sua casa sofrer com enchentes – e viu amigos morrerem precocemente. Na capital paulista, a valorização da periferia se entrecruza com as lutas feministas, antirracistas e sociais.
“São Paulo será uma cidade melhor para todos quando for melhor para os negros, as mulheres e os trabalhadores”, afirmou.
Depoimentos
Diversas autoridades e lideranças gravaram mensagens de apoio a Orlando Silva. Foi o caso da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) e da deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA). “É um querido amigo com quem convivo há mais de 20 anos”, disse Manuela D’Ávila (PCdoB), que foi candidata a vice-presidenta. Para Manu, São Paulo – “esta cidade que acolhe a todos e todas”, que “carrega um pouco de cada parte do Brasil” – precisa se ver “representada num grande homem público” como Orlando.
Para a presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, o “debate da cidade mais humana e mais inclusiva” ganha força com o PCdoB no centro da eleição em São Paulo. “Orlando Silva vai expressar o bom combate – o debate de ideias que é necessário num momento como este. Cada vez mais, a defesa da vida, da democracia e da luta dos trabalhadores se coloca no primeiro plano”, afirmou Luciana
Segundo o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), Orlando é “uma pessoa fundamental na luta política no País”. Na visão do governador, “a sensibilidade para sentir como suas as dores e as necessidades da população” é a mais importante virtude do candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo. “Orlando é a pessoa certa para promover uma campanha progressista, democrática, nacional e popular – uma campanha vitoriosa.”
Leci Brandão qualificou Orlando como “nosso amigo”, “candidato negro”, “líder político dos mais capazes” e “homem do diálogo”. Em mensagem à Convenção, a cantora, compositora e deputada estadual afirmou compartilhar “esta caminhada”.
O presidente do PCdoB São Paulo, Wander Geraldo, enalteceu a escolha de Orlando como representante dos comunistas na eleição majoritária. “Lançamos nosso quadro político mais preparado – e um dos mais experientes – à cabeça da chapa. Orlando é um filho legítimo das lutas do povo brasileiro”, afirmou Wander.
O ato político da Convenção contou, ainda, com depoimentos dos presidentes de cinco centrais sindicais – Força Sindical, UGT, CGTB, Nova Central e CTB –, de entidades estudantis – UNE, Ubes e Umes –, além da Unegro.
Homenagem a Tisiu
A Convenção Eleitoral do PCdoB São Paulo foi batizada de José Carlos Cardoso (Tisiu) em homenagem a um dos maiores quadros operários do PCdoB São Paulo. Militante do Partido desde a década de 1970, Tisiu faleceu na quarta-feira (2), após ficar internado por duas semanas no Hospital Estadual Sapopemba, na zona leste. Era presidente do PCdoB Sapopemba/São Mateus e membro da Comissão Política Municipal.
“Estamos em luto, já que continuamos sob uma pandemia mortal e porque perdemos um dos maiores militantes do PCdoB São Paulo”, afirmou Wander. “Esta convenção leva seu nome porque Tisiu encarnava os melhores ideais e as melhores práticas de um militante comunista.”
Para Orlando Silva, Tisiu foi “um amigo, um companheiro, um militante político, um dirigente partidário” – um “militante de vida inteira”. A Comissão Executiva do PCdoB São Paulo, em nota, ressaltou que Tisiu “foi responsável pela filiação de dezenas de camaradas ao PCdoB e um entusiasta do protagonismo operário no movimento comunista. Era também um grande incentivador da indicação de jovens para a linha de frente partidária”.
Câmara Municipal
Na Convenção, foram homologadas 83 candidaturas do PCdoB São Paulo à Câmara Municipal. “São candidatos e candidatas que, para além do PCdoB e da esquerda, representam o imenso campo democrático-progressista nesta cidade, os interesses populares, comunitários e trabalhistas, a voz das mulheres, dos negros e dos excluídos”, sintetizou Wander Geraldo, em nome da direção municipal do PCdoB.
“É uma chapa tão representativa quando competitiva, tão ampla quanto qualificada – uma chapa que orgulha nosso Partido e faz jus às demandas do eleitor de São Paulo, sobretudo daqueles que mais precisam. Um terço dessa chapa é formada por mulheres e quase metade por candidaturas negras”, agregou Wander.
Veja abaixo quem são os 83 candidatos a vereador do PCdoB São Paulo nas eleições 2020:
Ademir do Vale
Airton da Vl Natal
Analú Brinkmann
Andrea Barcelos
Arnaldo Bispo
Bebe Vem Aí
Betão Motoboy
Cabo Oswaldo
Camila Aguiar
Carina da Bancada Feminista
Carlão
Carlos Adriano Maia
Carlota Joaquina
Carmen Miranda
Cícera
Clovis Reis
Copati
Daniel Reis
Danilo Catalano
Diógenes Jurado
Dr Ademilson Silva (Dedi)
Dunga
Edson Passaro
Elielson Produções
Enfermeira Solange Caetano
Eronides da Saúde
Fábio
Felipe Mendes
Felipe Sales
Francisco Freitas
Gladys
Ibrahim Habib
Ilmo Honorato
Irandir
Itamar Sussu
Janaína
Joaquim Francisco
Jonathan Oliveira
Jorge Henrique
Kaka do Autocenter
Keila Pereira
Kele Cristina
Kevin Nunes
Lia Silva Bancada Social
Lucia Lima
Luis do Pantanal
Luis França
Luzia Honorato
Mariana Moura
Marta Lucas
Mazinha Strumiello
Mestre Hélio
Miltão da Adega
Miriam das Flores
Onofre Gonçalves
Otacilio Ribeiro
Paulo Saboia
Peixe dos Correios
Prof. Jonathas Cavalaro
Profa. Anair Novaes
Professor João Carvalho Fio
Professor José Valdene
Professor Silvio
Professora Adriana Vasconcellos
Professora Rosi Anequini
Professora Simone Rego
Railidia
Raimundo
Raimundo Borges
Roberto Novo São Norberto
Rodrigo de Morais
Rosana
Rozina de Jesus
Rubinho do Povo
Samuel Oliveira
Sula Santos
Tiago Praxedes
Tião Carvalho
Tonhão
Ubuntu Periferia
Valdemir Melhado Salame
Valkiria Galega
Vitor Rodrigues