“Um paciente chamado Brasil: Os bastidores da luta contra o coronavírus”. Este é o título do livro que Luiz Henrique Mandetta está lançando. O ex-ministro da Saúde esteve na edição mais recente do programa “Conversa com Bial“, da TV Globo, exibida na madrugada de quinta para sexta-feira (25), e abordou o tema. O médico revelou ter alertado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o risco de o País chegar a 180 mil mortes por Covid-19.
“Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, contou Mandetta.
O ex-deputado federal relatou as etapas que marcaram o processo de entendimento de Bolsonaro sobre a doença. Assim como no livro, Mandetta recorreu ao conceito psiquiátrico das fases do luto para explicar a reação do presidente diante da pandemia: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. A ira foi a última resposta de Jair.
Mandetta disse que o presidente “se apegou àquela cantilena de pessoas que vão ao seu redor e começam a falar o que queriam escutar”.
“Eu tentava puxar ele logo para a fase proativa. Nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos. Mas, para ele, eu mostrei. Entreguei por escrito, para que ele pudesse saber a responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa”, relatou o ex-ministro.
No dia 16 de abril, Luiz Henrique Mandetta acabou sendo demitido do Ministério da Saúde, depois de passar por um mês de conflitos com Bolsonaro.
Até as 8h desta sexta-feira (25), o Brasil registrava 139.931 óbitos decorrentes do novo coronavírus (Sars-CoV-2). O número total de diagnósticos confirmados é de 4.660.368.