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De olho na ampliação do gado, ministra de Bolsonaro afirma que boi é ‘bombeiro do Pantanal’

Divulgação/Antônio Cruz/Agência Brasil

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, disse, nesta sexta-feira (9), que o boi é o “bombeiro do Pantanal”. Para ela, se existisse mais gado, o número de incêndios no bioma poderia ser menor do que o registrado este ano.

“Falo uma coisa que, às vezes, as pessoas criticam. Mas, o boi, ele ajuda. Ele é o bombeiro do Pantanal, porque ele é que come aquela massa do capim, seja o nativo ou plantado, se feita a troca. É ele que come essa massa para não deixar que como este ano nós tivemos [os incêndios]”, argumentou a ministra, durante participação em uma audiência pública no Senado.

“Com a seca, a água no subsolo também baixou os níveis. Essa massa virou o quê? Um material altamente combustível, incendiário. Aconteceu o desastre porque nós tínhamos muita matéria orgânica seca que, talvez, se nós tivéssemos um pouco mais de gado no Pantanal, isso teria sido um desastre até menor do que nós tivemos este ano. Mas, isso tem de servir como reflexão do que temos de fazer”, acrescentou.

Também ministro, Ricardo Salles (Meio Ambiente) já usou a tese do “boi-bombeiro”, assim como o presidente Jair Bolsonaro. Para especialistas no assunto, entretanto, o raciocínio que aponta para o gado como solução do problema é mito. Como explica, por exemplo, Felipe Augusto Dias, engenheiro agrônomo e doutor em geografia pela Universidade de São Paulo (USP).

“O que existe é que toda atividade pecuária necessita ter um bom manejo. Manejo significa o quê? É utilizar, dentro de uma área de pasto, a capacidade de unidade animal por hectare naquele pasto. Ou seja, cada pasto tem a capacidade de suportar, por hectare, uma quantidade determinada de boi pastando”, considerou o profissional, em entrevista recentemente publicada pelo portal UOL. Ele aponta que “o problema do boi-bombeiro não está no boi”, e sim “no dono”.

“Se o dono não tem, na sua área, o manejo adequado, ele vai depois usar a ferramenta, que é o fogo, para melhorar o seu pasto. Então, essa relação depende muito da atividade ser bem feita”, detalhou.

Apenas em setembro, as fortes queimadas na região consumiram 14% do Pantanal, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O órgão é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Crateús - Moradores convivem com período de seca na cidade de Crateús. Gado na estrada que leva ao Açude Carnaubal  (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil