O que é ser feminista? É com esta pergunta que uma recém-lançada campanha da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Maricá pretende propor a reflexão ao termo tratado frequentemente de forma pejorativa. Visando levar às pessoas o conceito do tema e o quanto ele contribui para uma sociedade mais justa e igualitária, o projeto conta com vários banners explicativos na página oficial da organização no Facebook, que podem ser compartilhados, multiplicando a divulgação da ideia.
“Nós temos a responsabilidade de fazer essa conscientização e, através dela, mostrar para outras mulheres o quanto é importante elas reivindicarem seus direitos, o quanto é importante a participação delas na luta pela total igualdade entre os gêneros em todas as esferas sociais. Essa é a luta do feminismo, que, ao longo do tempo, tem um papel importante na transformação na vida das mulheres. Por isso, a luta deve ser crescente e também ter o apoio dos homens. Essa campanha quer trazer à tona o conceito do feminismo e desmistificar o que vem sendo atribuído ao feminismo”, esclarece Simone Miranda, a “Mãe Simone”, presidente da UBM Maricá e candidata nas eleições deste ano.
“O feminismo existe para levar a reflexão sobre a emancipação das mulheres, sejam elas dona de casa, trabalhadoras… Nós vivemos numa sociedade que nos explora, que sucateia nossos direitos. Vivemos numa sociedade que nos vê como objeto e mercadoria, fruto do capitalismo selvagem. Somos assediadas e mortas. É a luta feminista que não naturaliza e não banaliza essas atitudes fomentadas pelo machismo estrutural. O que queremos é viver em uma sociedade que tenha igualdade, que nos respeite e que não nos oprima”, acrescenta a professora.
Para a estudante de ciência política, Rafaela Lima, também postulante a um cargo na disputa entre vereadores, o assunto precisa receber a atenção condizente com sua importância na sociedade.
“Falar sobre feminismo é falar sobre os avanços das mulheres na conquista dos seus direitos. É falar sobre o direito de trabalhar, de estudar, de votar, de ser candidata e de tantas outras conquistas. É lamentável quando vejo pessoas, principalmente mulheres, que desprezam a importância dos movimentos feministas, ignorando as histórias de lutas e as histórias daquelas mulheres que se dedicaram tanto para libertar outras mulheres. Não podemos esquecer que muitas de nós perderam a vida nessas lutas. São vários casos que se repetem: Juana Ramirez Santiago, Marielle Franco, Nilce de Souza Magalhães, as irmãs Mirabal e muitas outras”, recorda.
“Avançamos algumas questões, mas temos muitas outras ainda a pleitear. Continuamos sendo mortas, espancadas e oprimidas. Nossas conquistas estão sempre sendo ameaçadas. Precisamos, sim, dos movimentos feministas para garanti-los. A luta das mulheres é uma luta de toda a sociedade”, frisa Rafaela, também membro da UBM.
Informação e compreendimento do tema
A campanha reforça a luta pelo empoderamento feminino por meio da emancipação da mulher em todos os seguimentos sociais. Primeiro, a busca é pelo entendimento do que significa o feminismo. A partir daí, a missão é fazer todos compreenderem o sentido de ser feminista.
“Tantos são os rótulos utilizados para caracterizar as pessoas, que muitas vezes sequer percebemos como esta prática é nociva. Entender-se feminista é um processo de desconstrução e reconstrução individual, no qual passamos a valorizar quem somos com todas as nossas qualidades e defeitos. Mas, ser feminista vai além de se aceitar. O feminismo é um pensamento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos entre homens e mulheres”, diz uma publicação da página da UBM Maricá.
Na manhã do último sábado (24), feministas maricaenses se reuniram por uma caminhada no Centro da cidade. Candidatas ao cargo de vereadora abraçaram o ato e marcaram presença significativa. Elas almejam dar fim a um tabu de duas décadas sem representatividade na Câmara Municipal.









