Via Vermelho – A importância de 2020 no calendário eleitoral do País é relativa, avalia o sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto Vox Populi. Segundo ele, são os pleitos nacionais que efetivamente definem a correlação de forças na política.
“A verdadeira eleição é a de 2022”, disse Coimbra, em entrevista ao programa Brasil TVT neste domingo, logo após o encerramento do segundo turno.
Para o sociólogo, daqui a dois anos ocorrerá, de fato, “a eleição em que pode haver uma retomada, uma reconquista de espaço do pensamento progressista”. Segundo ele, não se deve “menosprezar a importância do pleito de 2020”, mas houve um conjunto de fatores que limitaram o significado das eleições.
“A esquerda não pode se cobrar muito, avaliar-se em função do desempenho de 2020”, diz. “A opinião pública não estava preparada, não houve espaço para manifestação nas ruas, a limitação de tempo de TV foi drástica”, considerou.
Coimbra também relativizou o avanço eleitoral do Centrão. Desde o primeiro turno, o bloco informal do Congresso Nacional – com destaque para PP, PSD e DEM – foi considerado o principal vencedor do pleito.
“A vitória, entre aspas, do Centrão não significa nada”, pontua. “O Centrão não existe como partido – é apenas um ajuntamento de políticos que dão apoio a quem quer que vença a eleição presidencial. Apoiaram Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro”, acrescenta.
“Esses partidos vão com quem ganhar a eleição em 2022?”, indaga o presidente do Vox Populi.
“Bolsonaro perdeu espaço, liderança, perdeu condições morais, e ficou com cara de bobo. Esse é o grande resultado da eleição”, afirmou Coimbra.
Para Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, a eleição 2020 consolidou um cenário com três frentes políticas: o bolsonarismo, o Centrão e a esquerda, ainda com a liderança do PT. “Mas a esquerda agora é mais multicêntrica, com PSOL e PCdoB disputando importantes capitais”, disse.
* Com informações da RBA