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Chacina da Lapa: há 44 anos, PCdoB perdia dirigentes em ação criminosa da ditadura

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Esta quarta-feira (16) é marcada, na política brasileira, pelos 44 anos da Chacina da Lapa, considerada um dos piores crimes da ditadura miliar no País. Ângelo Arroyo e Pedro Pomar foram assassinados a tiros. Também foi o dia da morte de João Batista Drummond, que, na versão oficial da ditadura, perdeu a vida ao ser atropelado na Avenida 9 de Julho, na capital paulista. Além disso, Aldo Arantes, Elza Monnerat, Haroldo Lima, Joaquim Celso de Lima, Maria Trindade e Wladimir Pomar acabaram sendo presos e torturados. Todos os mencionados eram dirigentes e militantes do PCdoB.

O partido havia dirigido, desde o final da década de 1960, a Guerrilha do Araguaia – principal ação armada de resistência contra a ditadura militar. Uma liderança que resultou em extrema insatisfação do outro lado.

Em uma casa na rua Pio XI, na Lapa, em São Paulo, ocorreu, nos dias 14 e 15 de dezembro de 1976, a reunião do Comitê Central. Nove membros da direção nacional da sigla participaram do encontro que visava avaliar a guerrilha do Araguaia.

Jover Teles era um dos integrantes do Partido Comunista do Brasil. Preso, ele fez um acordo com a repressão. Desta forma, informou aos policiais sobre a reunião, aceitando ser seguido por agentes até o local onde o encontro aconteceria.

Após aproximadamente 20 minutos de tiroteio, o relógio marcava pouco mais de 6h da manhã daquela quinta-feira sangrenta, já no dia seguinte do evento. Parte da casa foi destruída pela fuzilaria, que assassinou Ângelo Arroyo e Pedro Pomar.

Posteriormente, o general Dilermando Monteiro confessou que o objetivo daquela operação não foi alcançado em sua totalidade. Faltou, nos planos dos envolvidos, assassinar João Amazonas e eliminar o PCdoB. O projeto de exterminação do Partido não teve êxito porque João Amazonas, Renato Rabelo, Diogénes Arruda e Dinéias Aguiar estavam no exterior, cumprindo algumas tarefas da sigla. Depois da Chacina da Lapa, o Comitê Central foi recomposto. Ainda reforçaram a equipe Sérgio Miranda, Péricles de Souza, Ronald Freitas, Rogério Lustosa e José Duarte, entre outros.

A chacina ocorreu na era da política de “distensão” do general-presidente Ernesto Geisel, que nomeou um general de sua inteira confiança – Dilermando Gomes Monteiro – para comandar o II Exército, sediado em São Paulo. Foi justamente neste período que assassinaram o jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e o operário metalúrgico Manoel Fiel Filho (janeiro de 1976), sob tortura no DOI-Codi de São Paulo (Destacamento de Operação Interna e Centros de Operações e Defesa Interna).