Em mais um episódio de boicote à vacinação contra a Covid-19, Jair Bolsonaro (sem partido) chamou de “idiota” quem o vê como mau exemplo por afirmar que não irá se imunizar. A declaração foi feita em Porto Seguro (BA), na última quarta-feira (17), quando o presidente da República assinou duas medidas provisórias para renegociação de dívidas. Também disse que as vacinas podem causar efeitos nas pessoas, como “virar jacaré”. Adversário do ex-PSL nas eleições de 2018, Fernando Haddad (PT) perdeu a paciência e mandou o rival calar a boca.

“Seu imbecil. Hoje morreram mais de 1000 brasileiros. MIL. Cala essa boca um santo dia”, escreveu o petista em sua conta oficial no Twitter, na noite de quinta-feira (17), ao compartilhar um vídeo que traz parte da declaração de Bolsonaro.

O presidente afirmou que já teve o vírus e que, por isso, possui anticorpos. Ainda questionou: “Pra que tomar vacina de novo?”. Bolsonaro, entretanto, se esquece de que a imunidade, mesmo para quem foi contaminado, não é eterna, durando apenas alguns meses. Há casos de reinfecção em alguns países, inclusive o Brasil.

“Lá, na Pfizer, está bem claro no contrato: nós [Pfizer] não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um chi… Se você virar um jacaré, é problema de você. Se você virar super-homem, se nascer barba em alguma mulher ou algum homem começar a falar fino… E o que é pior: mexer no sistema imunológico das pessoas”, frisou o presidente.

Jair também destacou que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina. (…) Se o cara não quiser ser tratado, que não seja”. Novamente, acabou ignorando a ciência.

“Não quero fazer quimioterapia e vou morrer. Problema é meu”, exemplificou.

O problema é que a necessidade coletiva se sobrepõe à individual. Em casos de doenças contagiosas, a opção por não se imunizar pode prejudicar outras pessoas que, dessa forma, passam a correr risco de contaminação.