Weverton, Rony e Luiz Adriano de um lado. Marinho, Soteldo e Pituca no outro. A bola rola, no gramado do Maracanã, às 17h (de Brasília) deste sábado (30), pela final da Copa Conmebol Libertadores da América 2020. Das arquibancadas para fora, uma preocupação: a Covid-19, mesmo motivo que causou o atraso do término da competição que carrega no nome o ano passado. Infectologistas temem que a decisão entre clubes paulistas e brasileiros no Rio traga, junto com os talentos das melhores equipes do torneio, variantes do coronavírus.
Em entrevistas ao portal G1, especialistas alertaram que a movimentação de torcedores de todo o País pode fazer da Cidade Maravilhosa a nova “casa” de variantes do coronavírus que ainda não circulam entre os cariocas. Embora a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) não tenha liberado a presença dos fãs, assim como fez durante toda esta edição da Libertadores, alviverdes e santistas já se mobilizaram para chegar ao Rio de Janeiro para o confronto que vale taça. Além disso, jornalista que cobrirão o evento e convidados estarão no local. A estimativa da entidade é de que 5 mil pessoas compareçam. Em razão da pandemia de Covid-19, os organizadores limitaram a entrada de profissionais da imprensa.
Médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gonzalo Vecina Neto diz que o cenário deste fim de semana “é um desastre”. Para ele, “a cidade deveria estar fechada, e o campo idem”.
“Todos os casos que ocorrerem a partir desse dia serão da responsabilidade do governador. Ele está brincando com a morte, e os idiotas que vão ao Rio deveriam ser bloqueados na estrada”, acrescentou.
A infectologista do Hospital São Luiz e do Emilio Ribas – ambos de São Paulo -, Raquel Muarrek, ressalta que “independentemente do número (de torcedores), é um aglomerado”. Ela ainda destaca que é preciso considerar não apenas o que acontece dentro do estádio, mas fora dele “e o ir e vir das pessoas”.
“O Instituto Adolfo Lutz confirmou [em São Paulo] a presença da variante do Amazonas, que parece ser muito mais infecciosa, mais transmissível”, recordou Roberto Medronho, epidemiologista da UFRJ. Ele chama a atenção para a possibilidade de espalhamento do vírus: “Se algum desses torcedores que se aglomerarem na frente do Maracanã — e vão passar o dia no Rio, indo a vários locais — tiver essa variante, isso pode trazer esse vírus”.
Sobre os ônibus que estão vindo para o Rio, Medronho entende que é preciso “abordá-los e fazê-los retornar”. O epidemiologista defende que, “por mais bonito que seja uma final de Libertadores — é um acontecimento fantástico —, o ideal é que as pessoas assistam ao jogo em casa, sem se aglomerar em nenhum local”.
Autoridades
Também ao G1, em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou: “(…) a Vigilância Sanitária estará de sobreaviso para agir junto com a Secretaria de Ordem Pública, coibindo possíveis aglomerações no entorno do estádio do Maracanã”. Destacou ainda que “a ação não estará condicionada somente as imediações do estádio”.
Já a PM vai trabalhar para “que todas as medidas de proteção e prevenção à pandemia do novo coronavírus sejam cumpridas durante o jogo entre Santos x Palmeiras”. Os policiais irão auxiliar a Conmebol durante o evento. Haverá patrulhamento ostensivo, com 500 agentes, no entorno do Maracanã. Dentro do estádio, cerca de 50 policiais militares também farão a segurança. O controle de aglomerações, a fiscalização e a coordenação de ações de prevenção serão comandadas pelo Corpo de Bombeiros.
O jogo
Campeão da Libertadores pela única vez em 1999, com o técnico Luiz Felipe Scolari e liderado, em campo, pelo goleiro Marcos, o lateral Arce, o meia Alex e os atacantes Paulo Nunes e Oséas, o Palmeiras vai em busca do segundo troféu. Já o Santos, vencedor em 1962, 1963 – ambas as ocasiões com Pelé – e 2011, quando teve Neymar, tenta ser o único clube brasileiro a conquistar quatro vezes a principal competição do torneio, deixando para trás os tricampeões Grêmio e São Paulo.
Na final de 63, diante do Boca Juniors (ARG), o Peixe atuou no próprio Maracanã, antes de ir para La Bombonera, em Buenos Aires, assim como no bicampeonato mundial faturado pelo clube da Vila Belmiro – ocasiões em que superou Benfica (POR) e Milan (ITA). Já o Verdão ergueu a taça da Copa Rio de 1951, considerado como campeonato Mundial, também no principal palco carioca, após uma vitória e um empate contra a italiana Juventus nos duelos da decisão do torneio sediado na Cidade Maravilhosa e em São Paulo.
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