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Lula defende vacina e convida população a lutar por país mais justo

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Luiz Inácio Lula da Silva tinha um encontro marcado com a continuidade da história nesta quarta-feira (10), dois dias depois de o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anular as condenações do petista na Lava Jato por entender que a 13ª Vara de Curitiba não possuía competência para analisar os casos em questão. Em discurso que durou 1 hora e 23 minutos, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente criticou a postura da Rede Globo na abordagem dos assuntos envolvendo seu partido, porém garantiu não sentir mágoas de ninguém, defendeu a liberdade de imprensa, a vacina contra o coronavírus e o retorno do auxílio emergencial com valor justo nesse momento de pandemia de Covid-19. Também repudiou a gestão do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e sua ideologia armamentista, destacando que não é a população quem precisa andar armada, e sim os policiais para defendê-la. Fez agradecimentos a vários companheiros e líderes, como o presidente da Argentina, Alberto Fernández.

Lula declarou que “a verdade venceu” e que “vai continuar vencendo”. Por isso, segundo o próprio, irá se dedicar a andar pelo País conversando com o povo.

“Alguma atitude nós vamos ter de tomar, companheiros, para que este país possa voltar a crescer. Para que esse povo volte a sonhar. Esse país já sonhou, esse país já realizou”, afirmou, enfatizando que “o Brasil tinha um projeto de nação, um projeto de cidadania, de soberania” no período em que foi governado pelo PT.

“Faz 500 anos que fomos descobertos. Quando é que vamos tomar conta do nosso nariz? Quando é que eu vou acordar de manhã sem ter que pedir licença para respirar para o governo americano? Quando é que eu vou levantar de manhã sabendo que meu povo está tomando café, que vai almoçar e vai jantar? Que as crianças estão na escola, que as crianças estão tendo acesso à saúde, à cultura? Quando é que vamos acordar? Isso é possível. Nós provamos isso”, frisou.

O ex-presidente disse que deseja “conversar com a classe política”. Recapitulando rapidamente as eleições de 2018, o petista detalhou o atual cenário econômico, político e social da nação que deve voltar às urnas para escolher o próximo presidente em outubro de 2022.

“O povo elegeu quem ele quis eleger e temos que conversar com quem está lá para a gente ver se conserta este país. Eu preciso conversar com os empresários. Eu quero saber onde está a loucura deles de não perceberem que, se eles querem crescer economicamente, se eles querem que a Bolsa cresça, se eles querem que a economia cresça, é preciso garantir que o povo tenha emprego, que o povo tenha renda, que o povo possa viver com dignidade. Se não, não há crescimento. Ou será que vamos ficar refém do deus mercado, que só quer ganhar dinheiro não importa como? Quando é que vamos pensar nos de baixo primeiro?”, indagou, projetando, também, uma sociedade mais igualitária, livre de preconceitos e que tenha a liberdade religiosa em prática.

“Eu sou radical. Eu sou radical porque eu quero ir à raiz dos problemas deste país. Eu sou radical porque eu quero ajudar a construir um mundo justo, um mundo mais humano, um mundo em que trabalhar e pedir aumento de salário não seja crime. Um mundo onde a mulher não seja tripudiada por ser mulher, um mundo em que as pessoas não sejam tripudiadas por aquilo que querem ser. Um mundo onde a gente venha a abolir, definitivamente, o maldito preconceito racial. Um mundo que não tenha mais bala perdida. Um mundo em que o jovem possa transitar livremente pelas ruas de qualquer lugar sem a preocupação de tomar um tiro. Um mundo em que as pessoas sejam felizes onde quiserem ser. Que as pessoas sejam o que eles decidirem. Um mundo em que a gente tenha de respeitar a religiosidade de cada um. Cada um é o que quer. As pessoas podem ser LGBT e a gente tem que respeitar o que as pessoas fazem”, defendeu.

Além da polarização política, o Brasil vive um duelo de ideias quando o assunto é a pandemia. Lula, que reforçou a importância da vacinação, também demonstrou estar preocupado com a dificuldade financeira enfrentada por milhões de brasileiros em razão da necessidade de impor o isolamento social para conter a difusão do vírus.

“Temos que brigar por uma política de ajuda aos microempreendedores e ao pequeno empresário brasileiro. Quantos restaurantes estão fechando? Quantas farmácias estão fechando? Quantas lavanderias, quantos institutos de beleza estão fechando? Para que existe governo? É para tentar encontrar solução para essa gente”, salientou.

Primeiro petista a ter governado o País, Lula esteve à frente do Brasil entre 2003 e 2010, quando Dilma Rousseff venceu as eleições contra José Serra (PSDB) e deu prosseguimento ao projeto do Partido dos Trabalhadores. O antecessor de Dilma deixou o governo após ficar o máximo de tempo permitido de forma ininterrupta (dois mandatos) com 83% de aprovação, segundo o Ibope, e tendo levado o País a ser a sexta maior economia do mundo, entre outros feitos.