A terça-feira (7) começou para Eduardo Paes com busca e apreensão em seu próprio apartamento, em São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O ex-prefeito virou réu em três supostos crimes: corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Mais tarde, foi revelado que ele é acusado pelo Ministério Público Eleitoral de receber R$ 10,8 milhões em vantagens indevidas da Odebrecht via caixa 2.
Os pagamentos, de acordo com os procuradores, sustentavam a campanha de reeleição à Prefeitura em 2012. Ele teria recebido, entre 4 de junho e 19 de setembro daquele ano, R$ 10,8 milhões de Benedicto Barbosa da Silva Junior e de Leandro Andrade Azevedo, ambos executivos do Grupo Odebrecht. O dinheiro, ainda segundo o MP, não foi direto para o então prefeito.
“Renato Barbosa Rodrigues Pereira e de Eduardo Bandeira Villela, sócios da Prole Serviços de Propaganda, receberam sucessivas entregas de dinheiro em espécie, visando a custear, de forma dissimulada, a campanha eleitoral em que o então prefeito buscava sua reeleição”, diz a denúncia.
Outro envolvido no caso é Pedro Paulo. Então chefe da Casa Civil do Rio, o deputado federal foi coordenador da campanha eleitoral de Paes.
“(…) embora plenamente ciente da natureza ilícita dos pagamentos recebidos, encarregou-se de gerenciar o recebimento da vantagem indevida, especificando a forma como seria destinada e indicando os responsáveis por sua arrecadação”, informa o documento, referindo-se a Pedro Paulo, que, da mesma forma que o ex-prefeito, é réu na ação.
Acusados apontam ‘interferência no processo eleitoral’ de 2020
Em nota, a defesa de Paes disse que “sequer teve acesso aos termos da denúncia e assim que tiver detalhes do processo irá se pronunciar”.
“Às vésperas das eleições para a Prefeitura do Rio, Eduardo Paes está indignado que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral – da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do estado”, justificou.
Por sua vez, o deputado Pedro Paulo apontou “uso político de instrumentos da Justiça para interferir na eleição. Ele também afirmou que, “ao ter acesso o conteúdo da denúncia”, fará sua defesa no processo.
Ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Junior também foi denunciado, assim como Renato Barbosa Rodrigues Pereira (marqueteiro de Paes) e Eduardo Bandeira Villela, que é sócio de Renato.
Eduardo Paes foi prefeito do Rio de Janeiro em dois mandatos consecutivos, entre 2009 e 2016. Em 2018, chegou ao segundo turno na disputa pelo governo do estado, mas acabou sendo derrotado por Wilson Witzel (PSC), hoje afastado do cargo por suspeitas de desvios no orçamento destinado ao combate da Covid-19.