Entre 2008 e 2018, houve aumento de 11,5% na taxa de homicídios de negros no Brasil, que saltou de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Atlas da Violência.
Na contramão, aparecem os assassinatos de não negros (brancos, amarelos e indígenas). O mesmo período do comparativo registrou a redução de 12,9% neste caso. Isto significa a queda de 15,9 para 13,9 na taxa de mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. O IBGE considera como negro – em sua classificação – a soma de pretos e pardos.
A discrepância nas taxas de homicídio dos dois grupos, de acordo com o Atlas da Violência, indica que, na prática, para cada indivíduo não negro morto em 2018, ocorreram 2,7 óbitos de negros. Alagoas é um dos estados que possuem diferença ainda maior: são 17 mortes de negros a cada não negro assassinado.
No total das vítimas de homicídios em 2018, 75,7% eram negros. Norte e Nordeste são as regiões em que há mais chance de um negro ser assassinado, levando em conta a análise das taxas de homicídio por 100 mil habitantes por estado. Roraima (87,5), Rio Grande do Norte (71,6), Ceará (69,5), Sergipe (59,4) e Amapá (58,3) apresentaram as taxas mais elevadas.
Também ocorreu o contrário durante o período completo analisado (2008-2018). Em alguns estados foi verificado um aumento das taxas de homicídios de não negros superiores ao crescimento no caso dos negros. Este cenário alternativo esteve presente principalmente em Amapá (196,6% contra 61%) e Amazonas (137,8% a 53,4%). Contudo, o Atlas da Violência aponta que a região amazônica é composta por “população descendente de três matrizes principais (negra, indígena e branca), sendo que as relações raciais (…) combinam essas matrizes com identificações que consideram o elemento indígena”. O estudo sugere que “não necessariamente significa que o racismo e a racialização deixem de incidir sobre os eventos violentos”.
Baseado nos números do Sistema de Informação sobre Mortalidade (do Ministério da Saúde), o Atlas da Violência é elaborado com a parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Econômica Aplicada (Ipea).