Via PCdoB na Câmara – O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou, em rede social, que excluiu o nome da ex-ministra e ex-candidata à presidência Marina Silva da lista de personalidades negras da instituição. No início do mês, ele já havia feito o mesmo com a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Em seu post, Camargo fez uma série de insultos: “Marina Silva foi excluída da lista de personalidades negras da Fundação Cultural Palmares. Marina não tem contribuição relevante para a população negra do Brasil. Disputar eleições não é mérito. O ambientalismo dela vem sendo questionado e não é o foco das ações da instituição”. E acrescentou: “Segundo críticos, enquanto o povo da Amazônia definhava, Marina Silva recebia prêmios de sustentabilidade na Europa. A permanência dela na galeria de personalidades negras da Fundação Palmares era insustentável e injustificável”.
Já no caso de Benedita, Camargo alegou que a decisão foi tomada pelo fato de a parlamentar responder a um processo por improbidade administrativa. A deputada afirmou que o ato de Camargo é “abuso de poder” e relatou estar sendo atacada de forma racista nas redes sociais, dizendo ainda que entrará na Justiça contra os agressores.
Deputados do PCdoB rechaçaram as atitudes do presidente da Fundação Palmares. “Seus atos mostram que ele se auto discrimina como negro e tem dificuldade de aceitar o brilho e protagonismo dessas mulheres que têm uma história valorosa de lutas. Recalcado”, afirmou a líder da legenda, deputada Perpétua Almeida (AC).
A deputada Jandira Feghali (RJ) afirmou que Sérgio Camargo representa o “desastre que é a extrema-direita no poder”. “Persegue figuras políticas negras só porque são lideranças de esquerda. Camargo não tem legado, não trouxe perspectiva ou projeto para a Fundação. É apenas uma caricatura tentando agradar um séquito. Minha solidariedade a todos que foram atacados em suas biografias por este governo através de Camargo. Mesmo que tenhamos discordâncias políticas em algumas pautas, merecem respeito máximo”, afirmou.
O vice-líder da bancada, deputado Márcio Jerry (MA), também se manifestou. Para ele, Camargo “é desses boçais que admira a própria estupidez”. “Benedita da Silva e Marina Silva são duas mulheres que integram e orgulham a história do Brasil. Viva”, destacou.
O deputado Orlando Silva (SP) também registrou seu repúdio. “Marina é uma mulher negra de linda história de vida e de superação, um orgulho para o país. A história não será apagada e reescrita! #ForaSergioCamargo”, tuitou o parlamentar.
Marina Silva foi empregada doméstica. Só conseguiu se alfabetizar aos 16 anos. Formou-se em História, foi vereadora em Rio Branco (AC), deputada estadual e duas vezes senadora, além de exercer a função de ministra do Meio Ambiente por cinco anos. Ela também disputou a eleição para presidente do país em três oportunidades.
Já Benedita está na vida política desde a Constituinte, onde ocupou cadeira na Câmara até 1995. Foi a primeira negra a ser eleita para o Senado em 1994, ocupando o cargo entre 1995 e 1998, e também a primeira negra vereadora na cidade do Rio de Janeiro, com mandato entre 1983 e 1986. Ela foi vice-governadora do Rio de Janeiro (1999 a 2002) e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República. Benedita cumpre seu terceiro mandato seguido na Câmara dos Deputados e disputa a prefeitura do Rio de Janeiro.