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Com pandemia e redução de auxílio, mais de 9 milhões de brasileiros passam a viver na extrema pobreza

Arquivo/Agência Brasil

Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) concluiu que o retorno do auxílio emergencial em valores abaixo dos que foram pagos no ano passado não será suficientes para aliviar os efeitos do período mais agudo da pandemia de Covid-19. Com isso, a pobreza e a extrema pobreza devem alcançar patamares superiores ao começo da crise.

Eram 20,3% de brasileiros que viviam abaixo da linha da pobreza no País em julho de 2020, quando o benefício era pago em mais parcelas e no valor de R$ 600. A tendência, entretanto, é que essa taxa suba para 28,9%. O projetado novo índice significaria 4,1 pontos acima do observado antes da chegada do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

Com relação à extrema pobreza, a taxa poderá ficar 2,5 pontos acima do nível pré-Covid, resultando em 9,1% dos brasileiros neste tipo de situação. Também em julho do ano passado, foi percebido um recuo para 2,4% dessa parcela da população.

Na comparação com o começo da pandemia, são 5,4 milhões de brasileiros em situação de pobreza e 9,1 milhões em extrema pobreza. Se o momento de referência for julho de 2020, os números passam para 18,1 milhões e 14,3 milhões, respectivamente.

Para a análise foram utilizados dados da Pesquisa Nacional Anual de Domicílios (Pnad) de 2019 e de 2020 (Pnad-Covid), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Realizaram o estudo Luiza Nassif-Pires, Luísa Cardoso e Ana Luíza Matos de Oliveira.

Gênero e raça

O impacto apontado pela simulação é ainda maior para alguns grupos nos recortes por gênero e raça. Mulheres negras são as mais afetadas.

A pobreza atingia 33% das mulheres negras antes da pandemia, 32% dos homens negros, 15% das mulheres brancas e 15% dos homens brancos. Os índices, em 2021, vão, respectivamente, a 38%, 36%, 19% e 19%.

Já a extrema pobreza estava presente em 9,2% das mulheres negras, 8,9% entre homens negros, 3,5% entre mulheres brancas e 3,4% com relação aos homens brancos. Essas taxas foram a 12,3%, 11,6%, 5,6% e 5,5%.

O auxílio emergencial, que tinha cinco parcelas mensais de R$ 600 e outras quatro de R$ 300, acabou sendo reduzido pelo governo para uma média de R$ 250 por mês em 2021, sendo R$ 150 para domicílios unipessoais, R$ 250 para domicílios com mais de uma pessoa e R$ 375 para mães solo. Se em 2020 foram desembolsados para cumprir com o benefício R$ 295 bilhões, neste ano o valor investido deve ficar na casa dos R$ 44 bilhões.