A Band promoveu, na noite desta quinta-feira (1), o primeiro debate entre candidatos de várias prefeituras. Entre elas, a do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, o confronto e as apresentações de projetos se misturaram das 22h30 até 0h45, período em que ocorreu o evento exibido ao vivo pela emissora.
Atual e ex-prefeito da cidade, Marcelo Crivella (Republicanos) e Eduardo Paes (DEM) foram os principais alvos dos outros nove candidatos. O gestor de momento e Renata Souza (PSOL) trocaram perguntas em parte de um dos blocos. Vale lembrar que o bispo ficou inelegível até 2026, por unanimidade, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), mas segue em campanha até que haja um desfecho do pedido de impugnação.
Enquanto Crivella surfou na onda bolsonarista de atacar pautas como a fake news do “kit gay nas escolas” e apresentou números sobre aquisições de equipamentos para a saúde em seu mandato, Renata contra-atacou com as vidas perdidas por conta da Covid-19.
“Compramos, ano passado, 800 respiradores. Tenho tomógrafo na Cidade de Deus, na Maré. Perdemos 8 mil pessoas (foram 11 mil óbitos na capital do RJ), mas nenhuma delas por falta de equipamentos, médicos ou remédios. O que é importante dizer é que, se o PSOL ganhar a eleição, nossas crianças vão ter uma coisa que deveriam ter em casa, que é orientação sexual”, defendeu Crivella.
“Estou falando de pessoas que morreram, e você está falando do que o professor vai ensinar na escola. Professor tem que ter debate pedagógico, e com autonomia. Em vez de falar de ideologia de gênero, cadê a merenda das crianças?”, questionou a representante do PSOL.
Bolsonaristas se atacam
O famoso caso dos “Guardiões do Crivella” – grupo de WhatsApp destinado a impedir a realização de denúncias por parte de profissionais da TV Globo e de pacientes nas portas de hospitais públicos com constrangimentos – também esteve presente entre os temas levantados.
“Você tem guardiões ganhando R$ 4 mil para intimidar as pessoas. São esses pequenos exemplos que nos fazem economizar os recursos. Não podemos gastar mais do que arrecadamos. Se você faz política partidária dentro do governo, não dá certo”, destacou Luiz Lima (PSL).
Curiosamente, Lima é do partido que elegeu Jair Bolsonaro em 2018. O atual presidente possui amizade com Crivella, que usou esta relação para rebater o candidato do PSL, questionando sua fidelidade à sigla e ao representante do governo federal. Ambos disputam o eleitorado bolsonarista.
Pentecostal, Benedita questiona relação entre igreja e política
Eduardo Paes (DEM) e Benedita da Silva (PT) estiveram frente a frente, posteriormente. O ex-prefeito enalteceu a própria administração e afirmou que “Crivella é um péssimo gestor”.
“O que acontece hoje no transporte é abandono completo, falta de fiscalização. Vamos fazer o BRT voltar a funcionar”, disse Paes.
Por sua vez, a petista interrogou o bispo licenciado sobre um aparelho que possibilita o exame e permite ajustes para que o paciente seja exposto ao mínimo de radiação necessária para o registro das imagens. Ele foi instalado nas dependências da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em São Conrado, na Zona Sul do Rio.
“Onde está esse tomógrafo? No espaço da igreja. E isso não podemos fazer, é lógico. Temos que ter um estado laico, onde possamos agir como gestor público e não confundir o púlpito com o palanque político”, declarou Benedita – que tem como vice a Enfermeira Rejane (PCdoB) – a Crivella.
Paes contra Martha
Paes, que também atacou Crivella, recebeu críticas, por exemplo, de Martha Rocha (PDT). A dupla chegou a ser sondada para uma chapa única, antes da definição pelas candidaturas separadas.
“Esse jeito debochado e desrespeitoso de ser, o carioca não aguenta mais. Quero dizer que seu filme não vale a pena ver de novo. Você deixou essa cidade, com todo investimento, sem ser referência na saúde e na educação”, disse a pedetista.
Rocha teve sua imagem colada à gestão de Sérgio Cabral por Eduardo Paes, outro participante do mandato do político preso e ex-governador do RJ. Martha foi chefe da Polícia Civil naquele período.
Clarissa defende candidatura
Fred Luz, do Novo, associou Clarissa Garotinho ao pai, Anthony, que governou o estado do Rio e já foi preso cinco vezes. A filha da também ex-governadora Rosinha chamou o concorrente de “machista” e afirmou que ela tem o direito de construir a própria história. Apontou ainda que Luz vem apenas vem com a “casca de partido Novo”.
Participaram do debate todos os 11 candidatos: Benedita da Silva (PT), Clarissa Garotinho (PROS), Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Eduardo Paes (DEM), Fred Luz (Novo), Glória Heloíza (PSC), Luiz Lima (PSL), Marcelo Crivella (Republicanos), Martha Rocha (PDT), Paulo Messina (MDB) e Renata Souza (PSOL). O primeiro turno do pleito acontece em 15 de novembro.