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‘Demonizar adversários internos é tática tão fascista como a dos bolsonaristas’, afirma Quaquá

Reprodução/YouTube/CNT

Entre o discurso e a ação, às vezes, pode haver um abismo. Em sua coluna no Brasil 247 nesta semana, o presidente do PT no Rio de Janeiro, Washington Quaquá, aborda o tema direcionando para a esquerda. Ele aponta que a teoria sem o suporte da prática na maior parte das situações “leva mesmo a um retrocesso e à derrota das classes populares no embate da luta de classes. Ou seja, acabam servindo à direita.”

O ex-prefeito de Maricá fala em, no mínimo, conseguir “neutralizar” a opinião daqueles que não jogam no mesmo time eleitoral, não sendo possível trazê-los para a equipe. Ele lembra a eleição de 2002, que deu o primeiro mandato a Lula. Na época, a aliança com o PL, reforçada com Zé Alencar assumindo o posto de vice, foi, na visão de Quaquá, fundamental para que o Partido dos Trabalhadores conseguisse algo mais do que os 25% a 30% habituais nas disputas, insuficientes para vencê-la.

“A grande contribuição que a CNB (a corrente Interna majoritária do PT – Construindo um Novo Brasil) deu ao partido, e o PT deu à história do Brasil, e à história da esquerda brasileira, foi a mudança na tática eleitoral e na efetivação da estratégia democrática e popular em 2002”, afirma Washington, que vê equívocos na estratégia esquerdista dos últimos anos.

“Claro que cometemos o erro de não organizar o povo. De achar que a democracia brasileira tinha alguma solidez e que a burguesia brasileira pudesse ter o mínimo de compromisso com o jogo democrático. Mas não fomos só nós da CNB que não organizamos o povo para o embate pela democracia. Quem na esquerda fez isso?”, questiona.

Quaquá também contesta as ocasiões em que a atual oposição ao governo federal faz, em duelos ocorridos internamente, a opção por táticas abomináveis utilizadas pelos próprios oponentes. Ele finaliza projetando o cenário para 2022.

“Tentar demonizar os adversários internos. Usar imagens e episódios pontuais como verdade. Atacar e difamar oponentes do mesmo campo nas redes é tática tão fascista como a dos bolsonaristas. Eu mesmo fui alvo de ofensas de pseudos militantes de esquerda até em postagem familiar do dia dos pais, em foto com meu neto e meu filho… Isso é prática de gente de esquerda? De gente que se diz libertaria? São práticas tão fascistas quanto as dos bolsonaristas!”, opina.

“Nós queremos construir desde já a vitória do Lula ou do Haddad em 2022. Não podemos perder tempo com lutas intestinas e com a transformação do secundário em principal. Transformar Belford Roxo na sua batalha pessoal de Slaingrado é além de obtusidade, má fé e falsificação histórica. A CNB precisa dar rumo a essa nau do PT. Caso contrário esses marinheiros de video-game da pseudo esquerda petista vão nos fazer ficar parados no porto, à deriva, uma espécie de deriva da inércia, sem sequer ter saído no mar pra navegar. Afundaremos parados no cais. Se os lusitanos a quem tanto acusam pelos males nacionais tem algo a ensinar é que “Navegar é preciso!”, conclui.