Líder da Espanha entre 2011 e 2018, o ex-primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), pode ver sua imagem ser manchada por conta de um escândalo de espionagem interna que está devastando a oposição conservadora do país europeu.
A operação Kitchen (cozinha em inglês), como ficou conhecida, apurou a existência de pagamento com dinheiro público a um informante da polícia. O intuito dos mandantes seria espionar um líder do partido que acobertava segredos comprometedores. Como o apelido do informante é Cozinheiro, a investigação recebeu o “batismo” com esse nome.
“Cozinheiro” era, na prática, motorista e tinha como chefe Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do PP, que operou um esquema ilegal de propinas. Em troca de contratos públicos, empresas entregavam dinheiro ao partido.
Em maio de 2018, o PP recebeu a condenação judicial e uma imediata censura no Parlamento. Desta forma, o governo de Mariano Rajoy terminou antes do previsto.
Segundo a promotoria espanhola, documentos com potencial para piorar a situação do PP e seus dirigentes foram escondidos por Bárcenas. Integrantes do próprio partido deram, então, a Cozinheiro, a missão de espionar o chefe e verificar onde estavam os papéis.
O motorista do ex-tesoureiro cobrava 2 mil euros por mês de fundos reservados do Estado para executar o serviço. Ele teria, inclusive, escutado a promessa de ingressar na política.
Derrotado pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), de Pedro Sánchez (atual presidente do país), nas duas últimas eleições legislativas de 2019, o PP vê o cenário ficar cada vez mais adverso. Sem contar a ascensão da extrema-direita do Vox, que também já prejudica o desempenho do partido.
“A corrupção tem sido a questão que fez os eleitores do PP migrarem para o Vox e o Cidadãos”, considerou Antonio Barroso, analista da consultoria Teneo, referindo-se também a um partido de centro-direita que tem conquistado projeção junto com o Vox.