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Especialista atribui mortes de ativistas ambientais à disputa por terra no Brasil

Valter Campanato/Agência Brasil

Em seu levantamento anual, a entidade internacional que combate abusos contra os direitos ambientais e humanos contabilizou 212 vítimas. Destas, 64 são da Colômbia, 43 das Filipinas e 24 do Brasil. O relatório foi liberado na última terça-feira (28). Advogado e membro do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Marcelo Charleo lamentou o cenário do País, em entrevista à Sputnik.

Charleo considera que o Brasil “sempre esteve entre os campeões mundiais de assassinato de defensores dos direitos humanos”. Na visão dele, a história explica a situação atual.

“A disputa pela terra no Brasil, o ascenso do latifúndio é algo incrivelmente presente em todos os séculos. E essa presença maciça do latifúndio em nosso país é um dos elementos fundamentais a explicar essa mortandade de defensores de direitos humanos, porque o latifúndio não se contenta com o que tem, com as imensas áreas que já possui em todo o território nacional. Ele avança sem dó nem piedade sobre o Cerrado, sobre a Amazônia, sobre o Pantanal”, disse o advogado.

Sem uma “política estruturante no que diz respeito à terra”, Charleo vê dificuldades em reverter o quadro. Ele também destacou que é preciso olhar com atenção para a proteção do meio ambiente.

“A ausência dessa política e a ausência de mecanismos de efetivação estruturante dessas políticas estão no fundo dessa questão. Então, enquanto isso não for vencido pela sociedade brasileira, enquanto a sociedade brasileira não compreender que essa políticas são fundamentais, continuaremos lamentavelmente a conviver com a morte desses que resistem nas mais diferentes frentes de batalha”, explicou.