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Ex-presidente do BC orienta empresariado a reavaliar apoio ao impeachment de Dilma

Divulgação/Facebook/Dilma Rousseff

Via Vermelho – O economista Armínio Fraga, que presidiu o Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou, em live do jornal Valor Econômico, que é preciso rever o teto de gastos públicos. Ele disse ainda que seus pares do mercado deveriam reavaliar a postura adotada no impeachment de Dilma Rousseff e que o presidente Jair Bolsonaro já perdeu o apoio de parte do empresariado.

Para Fraga, que é dono de uma empresa de investimentos, se o teto for mantido como foi criado, o Estado encolherá além do desejável. Aprovado em 2016, o teto de gastos limitou o crescimento das despesas públicas à inflação do ano anterior por um período de 20 anos, ou seja, até 2036.

“O investimento público colapsou e, como o orçamento público é engessado, ficou difícil priorizar. Se o teto for cumprido à risca, no final de dez anos o Estado encolherá. É muito tempo. O teto pode ser flexibilizado, crescendo menos que o PIB. Isso geraria um espaço para se investir na saúde, na assistência social e na educação”, afirmou o economista.

Arminio Fraga disse ainda que tem ouvido ponderações de que não dá para sair cassando presidente a todo momento, e que vê confundirem-se aí causa e sintoma. Segundo ele, a exemplo do PSDB, partido em que lideranças como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ou o senador Tasso Jereissati (CE) reviram suas posições sobre o apoio ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), o empresariado poderia fazer o mesmo movimento.

O ex-presidente do BC afirmou que parte desse mesmo empresariado já retirou o apoio a Bolsonaro, embora não acredite em um bloco monolítico favorável ao impeachment.

“O que vejo sobrando de apoio para este governo provavelmente não inclui a maioria do empresariado (…) Mas não é monolítico. Tem gente que acha que vai dar dor de cabeça porque pode gerar comportamento perigoso. Outros dizem que não dá para aguentar e que é melhor resolver isso agora, inclusive para a economia”, declarou.

“Não vejo o que está acontecendo agora como desejável ou sustentável. Caiu a ficha do quão importante é a qualidade do debate e um certo grau de civilidade e abertura para que as coisas possam ir evoluindo para melhor. Vejo muito mal os ataques à imprensa, uma atitude não científica no caso da saúde, do meio ambiente e da Amazônia. Isso faz muito mal à nossa imagem internacional mas, sobretudo, para a imagem que temos de nós mesmos. É isso mesmo que queremos? Não”, avaliou Fraga.