De família de origem italiana, Leonardo Giordano (PCdoB) não tem paúra de lutar por uma sociedade mais justa. O secretário das Culturas de Niterói foi o convidado da semana do programa Rio no Debate, da TV 65, exibido na noite desta quinta-feira (15). Ele assumiu a função no início do ano, após ser eleito vereador pela terceira vez em novembro de 2020 e receber o convite do novo prefeito Axel Grael (PDT). Na conversa que durou pouco mais de uma hora, abordou temas como economia, pandemia, política e, claro, o assunto que está presente em todos os seus dias.
“Investir em cultura é investir na memória, na identidade do povo brasileiro. Por isso, os investimentos são centrais”, disse durante as primeiras considerações expostas no programa.
Se fomentar a cultura é prioridade, então o espaço está aberto para a criatividade. Leonardo quer disponibilizar as obras dos artistas niteroienses em uma plataforma de streaming. Ele também visa promover um grande encontro em nível estadual.
“Em Niterói, pretendemos fazer um grande portal chamado ‘A Cultura é um Direito’, junto com uma ‘carta de direitos’ da cidade. Dentro desse portal, iremos adquirir a produção cultural. Você vai entrar lá (no portal) e ver as produções artísticas e culturais da nossa cidade”, projetou.
“Tem uma emenda da depurada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) para nós fazermos, em Niterói, o encontro estadual dos pontos de cultura, que significa uma articulação com o interior do estado do Rio de Janeiro. Vou convidar os meus colegas secretários. Tenho o prazer de ser secretário-geral do Fórum Estadual de Secretários de Cultura dos municípios do estado do Rio de Janeiro e pretendo, junto com eles e a rede de pontes de cultura, convidar o governo do estado também – já estive visitando a secretária estadual de Cultura – para a gente realizar, aqui, um encontro estadual para discutir exatamente a cultura comunitária com base territorial”, explicou.
Sobre a citada “carta de direitos culturais”, Giordano destaca que o projeto, além de ser inovador em território nacional, deve transformar o modo de pensar em cultura.
“Algumas poucas cidades do mundo – como Barcelona, Roma, algumas da Alemanha e a nossa cidade de referência, São Luis Potosí, no México – têm cartas de direitos culturais. Nenhuma cidade do Brasil ainda fez isso. Vamos chamar a população – já estamos fazendo isso – para debater os direitos culturais da cidade de Niterói: o povo discutindo a cultura como um direito. Já passamos de 800 pessoas participando, mas esse processo ainda vai longe e iremos consolidar direitos culturais – que o povo vai encontrar no debate aberto – que deseja para usufruir na sua cidade”, afirmou.
“Então, por exemplo: todos os museus e centros culturais de Niterói serem gratuitos a todo o povo da cidade. Consolidar isso como um direito, ao invés de ser uma mera decisão administrativa de algum gestor que pretende dar a gratuidade. Fazer com quem a arte pública seja reconhecida como um direito básico de todo o povo de Niterói. Então, um exemplo é garantir a livre expressão artística em todas ruas da cidade, essa discussão da arte pública. Aqui, eu sou autor de uma lei que é a lei do artista de rua. Então, o artista de rua tem direito a fazer apresentações nas ruas de Niterói. Queremos avançar. Não pode ser só um direito do artista de rua porque ele ganha a vida com isso. Tem que ser um direito do próprio povo, de qualquer uma e qualquer um ir para a rua se apresentar artisticamente, ter direito à criatividade, ao fomento municipal, às políticas públicas de cultura”, completou.
Para Giordano, “falta ao governo estadual uma política consistente na área da cultura como um fomento”. Ele acredita ser necessário mudar o entendimento sobre como investir no setor.
“É fundamental perceber que o governo não faz cultura. Quem faz cultura é o povo. Muitas vezes, a gente acha que o papel do governo é levar cultura para algum lugar, e a cultura já está lá, ela está nos bairros. Acontece que o governo não faz a sua parte, que não é levar a cultura para ninguém, a parte do governo é disponibilizar ferramentas para fomentar a cultura que já está nas localidades”, opinou.
Niterói e Maricá
O secretário tem feito contato com a cidade vizinha Maricá. A ideia é realizar um intercâmbio cultural.
“Estou conversando muito com o secretário das Culturas de Maricá, Sady Bianchini, para a gente fazer um consórcio, um convênio entre as duas cidades, para fazer residência artística onde o artista de Niterói visite e exponha seus trabalhos em Maricá e para que a galera de Maricá venha se apresentar nos equipamentos culturais de Niterói. Ou seja, parcerias. E essas parcerias significam uma lógica de desenvolvimento regional”, contou.
Pandemia
Produtores culturais e toda a população brasileira vem sofrendo com um problema que afeta o mundo e encontrou no País seu novo epicentro, a pandemia de Covid-19. Leonardo vê na falta de convergência de propostas o grande entrave na tentativa de minimizar os impactos que a doença provoca.
“Os municípios procuram (o governo do estado) para tentar ter uma ação coordenada e o governo do estado se nega a liderar e diz que, na verdade, vai ter uma política sanitária própria, que ele vai implementar por si só. Então, o governo do estado se esquece que as pessoas moram nos municípios. Ninguém mora no estado e ninguém mora na federação, esses são entes imaginários, muito importantes, unidades administrativas que a gente tem que reconhecer, mas você mora onde seu pé está firme no chão, a gente mora na cidade, e é muito importante que o governo do estado escute os municípios, coordene as ações dos municípios, trabalhe em parceria com os municípios para que possamos enfrentar esse que é o maior desafio da nossa geração”, avaliou.
A entrevista completa do secretário Leonardo Giordano está disponível no canal da TV 65 no YouTube. Já estão no ar três edições do programa Rio no Debate.