“Vidas negras importam”. A frase estampada na faixa durante o velório do jovem Lucas dos Santos é, na verdade, o grito que mulheres e homens negros ecoam diariamente para se manterem a salvo numa sociedade onde o racismo é estrutural e institucionalizado.
“Ser negro exige resistir constantemente. Uma verdade difícil de engolir é que viver, para nós, já é um ato de resistência. O Lucas era um jovem consciente da importância que tem a nossa luta racial e contribuiu para o nosso movimento com sua simplicidade e carisma”, lamentou a presidenta da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) de Maricá, Mônica Gurjão. “A luta existe porque a gente não pode naturalizar mortes, sobretudo de negras e negros. É uma questão de segurança que deve receber atenção das autoridades competentes”, concluiu.
Sob forte comoção, o corpo de Lucas dos Santos, morto na noite domingo (3), foi sepultado. Familiares, amigos e companheiros de militância deram adeus ao jovem. Cerca de 200 pessoas estiveram no velório também em apoio ao ato de homenagem que a Unegro realizou. O caixão foi coberto com a bandeira do movimento negro como
“É difícil e muito doloroso a gente perder um camarada que era pura energia. Participamos de muitos momentos importantes juntos. O Lucas tinha um carisma que era marcante”, relembrou Alan Novais, presidente do diretório municipal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de Maricá.
“A morte do Lucas não vai ser em vão. Somos pretos e temos direito à vida! É luto, mas também é luta. A gente enfrenta a violência dos bandidos, a gente enfrenta a violência dos policiais e a gente enfrenta a violência dos milicianos”, enfatizaram as lideranças da Unegro.
De sorriso fácil, Lucas era um jovem religioso, frequentava uma igreja evangélica no mesmo bairro onde morava. “Desperta!”, diz a estampa em uma camisa que ele e outros jovens usam na foto de capa do seu perfil nas redes sociais. Infelizmente a violência silenciou mais um rapaz cheio de vida e que sonhava com um mundo justo.