Uma página, em especial, chama a atenção na edição impressa deste sábado (8) do jornal O Globo. Em sua coluna, Ascânio Seleme não apenas discorre sobre o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o ex-juiz Sergio Moro agiu de forma parcial no julgamento do ex-presidente do Brasil, como também estampa o título “Lula inocente”. Ele ainda destacou o aumento das chances de o petista disputar o pleito daqui a dois anos.
“Caberá ao Supremo decidir. Mas o que até outro dia parecia ser apenas um sonho dos petistas de raiz, hoje soa como possibilidade real. Se o Supremo entender que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial no julgamento do ex-presidente no caso do triplex do Guarujá, Lula terá sua condenação suspensa, seus direitos políticos restabelecidos e poderá disputar a eleição presidencial de 2022”, escreve Seleme.
No fim do texto, entretanto, o colunista afirma que os governos de Lula e Dilma Rousseff foram “hospedeiros de incontáveis e astronômicos esquemas de corrupção”.
Lula, integrantes e admiradores do Partido dos Trabalhadores (PT) apontam falta de imparcialidade do Grupo Globo em momentos cruciais. Os dois principais são: o impeachment que tirou Dilma do poder, considerado golpe dos opositores, e também a condução das reportagens sobre o envolvimento de Lula na Lava Jato.
O julgamento do STF
Por dois votos a um, o STF decidiu, na última terça-feira (4), que Moro interferiu de forma prejudicial na candidatura de Fernando Haddad, substituto de Lula na disputa, nas eleições presidenciais de 2018.
O ministro Ricardo Lewandowski considerou que a atuação do então juiz teve o intuito de gerar, ao que tudo indica, um fato político. Ele entendeu que foi imposto a Lula um constrangimento ilegal. Portanto, as provas ilícitas precisam ser excluídas. O voto de Lewandowski foi acompanhado por Gilmar Mendes.
“Verifica-se que o acordo foi juntado aos autos da ação penal cerca de três meses após a decisão judicial que o homologara. Essa demora parece ter sido cuidadosamente planejada pelo magistrado para gerar verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno da eleições presidenciais de 2018”, disse Mendes.
O voto contrário ao recurso da defesa veio de Edson Fachin. Ele afirmou que o habeas corpus não é o meio adequado para questionar atos processuais.