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Maricá impõe ‘Sinal Vermelho’ para a violência à mulher

Vermelho! É a cor da bandeira de Maricá, do alerta máximo a quaisquer tipos de infrações e também uma tonalidade que vem tomando as ruas do Brasil por um motivo simples e essencial: ajudar inúmeras mulheres a se livrarem das agressões. Na terra em que ocorre um caso deste tipo a cada quatro minutos, o “Sinal Vermelho” foi devidamente ligado. Em 10 de junho, a parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) resultou na criação do projeto, que já se populariza pelas cinco regiões nacionais e conquista celebridades. Não à toa, a apresentadora e atriz Ana Furtado é a madrinha da ação. A cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, também entrou na onda de colaborar para exterminar esse crime.

“A UBM (União Brasileira de Mulheres) foi convidada pelo CEDIM (Conselho Estadual de Direitos da Mulher) a participar de uma reunião com o Judiciário, a Defensoria Pública e a Patrulha Maria da Penha para estimular a divulgação da Campanha Sinal Vermelho no Município de Maricá. Estamos mobilizando outros movimentos sociais de mulheres a aderir e encampar este projeto que é de fundamental importância para auxiliar mulheres no combate à violência”, conta Simone Miranda da Silveira, presidente da UBM no município de Marica: a professora que almeja grandes conquistas na valorosa missão.

“Em que pese a campanha ter sido lançada em junho, em Maricá ela ainda precisa ser implementada com amplitude nas farmácias. Por se tratar de uma campanha que estimula a denúncia silenciosa, acreditamos que haverá um aumento significativo no número de registros de ocorrência. Já estamos em contato com o poder público que sempre tem se colocado sensível às nossas causas. A UBM tem atuado pelas redes sociais visando reduzir a exposição de suas militantes à Covid-19 e a propagação do vírus. Quanto mais pessoas se conscientizarem da importância desta campanha, mais mulheres serão protegidas. Por isso, pedimos que as pessoas, homens e mulheres, postem fotos com o X na mão e convidem outras pessoas a abraçarem essa causa”, pontua.

O objetivo da ação é facilitar a identificação de situações de abuso e violência doméstica durante a pandemia da Covid-19, considerando que pode haver dificuldade na busca das vítimas pelo acesso às ferramentas de denúncia diante das medidas de isolamento social.  

Para realizar a denúncia, basta marcar a palma de uma das mãos com um “X” vermelho, utilizando caneta ou batom, e mostrar a algum atendente de uma farmácia cadastrada na campanha. São mais de 10 mil drogarias inscritas no País. 

“É uma campanha nacional que vem obtendo adesão nos estados. No Rio de Janeiro, quase todos os 92 municípios estão se organizando. Outros estados estão mais avançados, recebendo adesão das farmácias e muitos estão chegando a 100%”, conta a professora e advogada Helena Piragibe – também integrante da UBM –, que vê Maricá mantendo o foco no propósito.

“Diante do confinamento das famílias em virtude da pandemia da Covid-19, que acirrou as relações instáveis, gerando aumento da violência doméstica, com índices de 53%, conforme o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, acredito que a cidade está totalmente comprometida com a campanha e a vida das mulheres”, enfatiza.

Adesão ao projeto

Já aderiram ao “Sinal Vermelho”: a bancada feminina da Câmara dos Deputados, a prefeitura de São Paulo, os governos de Amapá, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e Piauí, além do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Também estão nesta lista a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), os Tribunais de Justiça, a Abrafarma, a Abrafad e o Instituto Mary Kay, entre outros órgãos públicos e privados. O Pará, por exemplo, registrou o primeiro caso deste tipo de denúncia há poucos dias e Niterói (RJ) implementou a ação na última sexta-feira (31). 

De acordo com as integrantes do programa, o Judiciário dá todo o treinamento para as farmácias. O movimento social, por sua vez, entra como agente mobilizador das mulheres, que, caso estejam inibidas no cenário comum, ganham força com o apoio e o método silencioso de fazer a denúncia.   

Semana de celebrações

Enquanto a campanha avança com os primeiros passos rumo ao objetivo, duas peças importantes no combate à violência contra a mulher estão em celebração nesta semana. Na quinta-feira (6), a própria UBM, de Simone, Helena e tantas outras guerreiras, completou 32 anos de existência. Já a Lei Maria da Penha, que teve a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) como relatora, chegou aos 14.  

Simone já constata bastante engajamento ao projeto nas redes sociais e recebe mensagens de mais mulheres querendo participar. Durante toda a trajetória, o trabalho vai sempre visar o mesmo alvo: dar um cartão vermelho para a violência.

A professora e advogada Helena Piragibe na comemoração do aniversário da UBM no CEDIM (Foto: divulgação)
 Helena Piragibe enfatiza sinal da campanha contra a violência (Foto: divulgação)