Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, um estudante afirmou que foi perseguido pelo segurança do hipermercado Extra quando comprava ingredientes para fazer um bolo em celebração ao próprio aniversário. O caso ocorreu na unidade de Alcântara no último dia 18 (terça-feira). Nesta quarta (26), Bernardo Marins esteve no programa ‘Encontro com Fátima Bernardes’, da TV Globo, e detalhou os acontecimentos daquele dia.
“A todo momento não quiseram me revistar. Para provar que eu não tinha pego nada”, destacou o jovem de 20 anos de idade, que informou ter pedido para ser revistado e, assim, não deixar dúvidas de que não havia cometido o delito.
“Desde quando eu entrei no mercado o segurança veio atrás de mim me seguindo. Me dirigi até o caixa para pagar a conta. Fui até o atendimento ao cliente e pedi para chamar o gerente, e ele falou que não era comigo, que era coincidência. Eu tinha esbarrado com o segurança mais de uma vez”, contou o morador do bairro Galo Branco.
Segundo Bernardo, o segurança da loja se comunicava com tom de voz elevado, pelo rádio, e pedia que a câmera acompanhasse o rapaz. O objetivo seria conferir se o jovem colocava os produtos dentro da sacola. O homem teria informado também, na conversa, as características físicas do cliente.
Bernardo trabalha como cake designer e confeiteiro. Ele relatou ainda ter escutado o segurança dizer o termo “ladrãozinho”.
o Jovem conta que retornou ao local e chamou novamente o gerente. O responsável, então, teria dito que “a cara dele já era uma cara marcada”, numa insinuação de que outros delitos já tinham sido cometidos pelo jovem.
“Cheguei em casa, desabei, chorei. No dia seguinte fui ao desabafo nas redes sociais”, revelou Bernardo enquanto participava do programa de TV.
Na última terça-feira (25), Edézio de Castro, delegado titular da Delegacia de Alcântara, declarou que uma sindicância será instaurada. O intuito é apurar a conduta dos policiais civis presentes no atendimento ao rapaz. O estudante disse que os agentes não consideraram um caso de racismo.
Em nota, o Extra informou que “decidiu pelo desligamento dos envolvidos no episódio e está reforçando com todo o time da loja a conduta esperada no relacionamento com os clientes”.
Confira a íntegra da nota emitida pelo supermercado
“O Extra informa que, tão logo tomou conhecimento sobre o ocorrido, no dia 19 de agosto, acionou imediatamente a loja de Alcântara, iniciando assim um processo interno de apuração.
A empresa conseguiu contato com o cliente Bernardo no último dia 20 para se desculpar pela situação vivenciada por ele na loja e incluí-lo no processo de averiguação dos fatos.
A rede não orienta os funcionários para qualquer tipo de atitude discriminatório ou desrespeitosa, inclusive as condena como está explícito em seu Código de Ética e na política de diversidade e direitos humanos da empresa.
A partir das informações passadas por todos os envolvidos e baseado em suas políticas e nos padrões de procedimentos esperados pela companhia, o Extra decidiu pelo desligamento dos envolvidos no episódio e está reforçando com todo o time da loja a conduta esperada no relacionamento com os clientes.
A rede aplica continuamente um calendário de treinamentos, atualizações de procedimentos e formações para o combate à discriminação e o preconceito para todos os funcionários e prestadores de serviço.
Todos assumem o compromisso, por meio do contrato de trabalho, ao respeito integral ao Código de Ética da companhia. Em casos de denúncias sobre condutas ilegais ou antiéticas, o Extra possui um canal de ouvidoria, responsável por realizar a apuração completa do tema.
A rede participa da Coalização Empresarial pela Equidade Racial e de Gênero e da Iniciativa Empresarial pela Igualdade, que estimulam a implementação de políticas e práticas empresariais no campo da equidade racial.
Em 2018 implantou um grupo interno de Afinidade de Equidade Racial, formado por colaboradores(as) negros(as) e não negros(as) comprometidos em construir com a empresa um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo e de promoção da equidade racial.”