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‘O povo sabia que o Bolsonaro não gostava de preto e mulher, mas votou nele mesmo assim’, diz Lula

Divulgação/Instituto Lula

Em edição especial do aniversário de 19 anos da Fórum, o programa ‘Fórum Onze e Meia’ desta sexta-feira (4) contou com a participação do ex-presidente Lula. O petista opinou sobre vários temas, como seu antigo ministro Ciro Gomes, a saída de Deltan Dallagnol da coordenação da Operação Lava Jato em Curitiba e as recentes derrotas de Sergio Moro na justiça, além de Jair Bolsonaro.

“Me perdoe, mas eu acho que o Dallagnol se esconder atrás de uma doença da filha dele para poder justificar a saída…”, iniciou Lula ao se referir ao argumento apresentado pelo procurador, que afirmou, na última terça (1°), estar se retirando para dedicar mais tempo à família, especialmente para sua filha. A menina, segundo Deltan, “começou a apresentar sinais de regressão no desenvolvimento”.

“Se ela estiver doente, que Deus a ajude porque tenho por ela o respeito que ele não teve pelo meu neto que morreu com seis anos. Mas ele não merece um milímetro de respeito. É um fujão”, declarou o ex-presidente.

No momento, há dois processos disciplinares abertos contra Dallagnol no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). As ações estão suspensas.

Lula também condenou a cobertura política da TV Globo e a própria Operação Lava Jato. Ele entende que ambas buscam destruir a sua imagem e a do Partido dos Trabalhadores.

“Tem político nesse país que não submerge quando tem crítica. Eu gosto de aparecer para mostrar quem está mentindo. Hoje está provado que o Moro foi mentiroso. Hoje está provado que o Dallagnol foi mentiroso”, reforçou.

O ex-juiz Sergio Moro viu, no fim de agosto, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anular uma sentença proferida por ele no caso Banestado – um esquema de corrupção ocorrido na década de 1990 no Banco do Estado do Paraná. O colegiado entendeu que, na sentença, houve quebra de imparcialidade.

Mais tarde, pelas redes sociais, o petista reproduziu alguns trechos da entrevista. Lula voltou a falar sobre Ciro Gomes. Candidato nas eleições presidenciais de 2018, o integrante do PDT não concedeu a Fernando Haddad – no segundo turno, contra Jair Bolsonaro, que acabaria eleito – o apoio esperado pela ala que defendeu o PT e pelo próprio partido. Os atritos entre ambos os lados têm sido constantes em declarações à imprensa, com Ciro aumentando o tom em algumas ocasiões. Mas Lula, novamente, preferiu não individualizar uma crítica direta ao ex-companheiro.

“Eu sempre disse que tenho respeito pelo Ciro Gomes. Ele foi meu ministro. Temos uma história, apesar das divergências. O Ciro não precisa gostar de mim, nem eu preciso gostar dele. Precisamos nos respeitar”, considerou.

O ex-presidente foi enfático quando o assunto passou a ser Jair Bolsonaro. Lula deixou claro que, para ele, existe uma parcela da população que não pode dizer ter sido enganada, e sim escolheu o representante da extrema-direita porque comprou a ideia do ex-PSL.

“O povo sabia que o Bolsonaro não gostava de preto e votou nele mesmo assim. Sabiam que ele não gostava de mulher e votaram mesmo assim… Temos que conversar com as pessoas que embarcaram no discurso do Bolsonaro e tentar reeducá-las. Trazer elas de volta para a democracia”, afirmou.