“Presidente Jair Bolsonaro, por que sua esposa, Michelle Bolsonaro, recebeu R$ 89.000,00 em depósitos de Fabrício Queiroz?” A pergunta “quebrou” ou “bombou” – dependendo da preferência pelo vocabulário mais adequado – as redes sociais nesta segunda-feira (24). Para o site do jornal ‘El País’, a questão levantada após revelações da revista ‘Crusoé’ e da ‘Folha de S.Paulo’ é bem mais ampla do que uma simples indagação.
Em texto publicado na última noite, o site, baseado em informações do jornal ‘O Globo’ e das revistas ‘Veja’ e ‘Época’, diz que a quantia discutida atualmente é apenas “a ponta do iceberg de uma relação financeira obscura que envolve o clã do presidente da República e o ex-assessor parlamentar ligado a milicianos”.
Entre pagamento de boletos, parcela de apartamentos, mensalidades escolares, plano de saúde e outros favores de Queiroz aos familiares do presidente, a quantia repassada pode chegar a quase R$ 450 mil, segundo a publicação. Além disso, “a origem do dinheiro ainda é um mistério”.
Na visão das autoridades, a configuração do cenário leva ao encontro de “um esquema de rachadinha”. A prática, que é ilegal, consiste no confisco de parte do salário de assessores. A família Bolsonaro nega.
O Ministério Público do Rio de Janeiro tem o caso como alvo de investigação. Porém, por conta das manobras protagonizadas pela defesa de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente, a tentativa de compreender a incógnita ficou suspensa. O senador busca o direito a foro privilegiado, e Michelle, presente na famosa pergunta, não é investigada ainda.
Também na segunda-feira, um levantamento feito pelo pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fabio Malini, que é coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), indicou a existência de 1,16 milhão de interações com os termos Michelle e Queiroz em menos de 24 horas no Facebook. Houve ainda mobilização em massa no Twitter, onde o nome Bolsonaro apareceu isolado e em destaque num diagrama de interação nas redes.